Esta é uma casa que conhecemos desde 1975 e com quem sempre tivemos boas relações.
O texto que hoje decidimos publicar não é da nossa autoria (trata-se tão-somente de um copy paste), mas por nos parecer muito interessante e até, por assim dizer - histórico, decidimos compartilha-lo.
“Em 51 anos, a Altis importou, montou e vendeu milhares de bicicletas,
muitas delas usadas por ícones como Joaquim Agostinho, Marco Chagas ou Manuel
Cunha. Depois de seis Voltas a Portugal vencidas, a empresa continua com mãos
firmes no guiador deste mercado.
Para
quem gosta de bicicletas, visitar a Altis é como entrar numa loja de brinquedos
ou numa grande catedral das duas rodas. É difícil resistir à tentação. Não
falta por onde escolher: modelos de estrada, BTT, ou pasteleiras de design
revivalista. São 13 mil referências de marcas reconhecidas em todo o mundo,
representadas em exclusivo pela Altis para o mercado nacional. O nosso cicerone
é Fernando Oliveira, 64 anos, orgulhoso responsável pela mais antiga loja de
bicicletas do país.
O
negócio nasceu em 1950 pela mão de Alfredo Baptista, antigo linotipista do
"Jornal de Notícias". "De noite trabalhava na produção do jornal
e durante o dia tinha tempo para vender equipamento para bicicletas".
Fernando
tinha doze anos quando foi contratado por Alfredo Baptista. Foi o primeiro
funcionário. "O salário acordado foram 150 escudos" mas o antigo
patrão "deu-lhe 160 porque gostou do trabalho."
Em
1964 Alfredo Baptista faleceu num acidente rodoviário. "O filho - Fernando
Baptista - estava no Ultramar, regressou e fez uma sociedade comigo." E
foi assim que esta empresa dos "dois Fernandos" começou a pedalar com
força no mercado nacional.
O
negócio começou em duas salas na Praça General Humberto Delgado. Mas com o
dinamismo dos dois sócios, cresceu ao ponto de em 1974 mudar-se para novas
instalações na Avenida da Boavista onde ainda hoje tem as portas abertas.
Começou
"primeiro com a comercialização de artigos nacionais e depois virámo-nos
para a importação". Nesta viragem de estratégia Fernando Oliveira
contactou com marcas míticas do universo do ciclismo como a italiana
"Campagnolo" - líder na produção de componentes para bicicletas de
corrida.
Empresas
nacionais como a Vilar foram durante muito tempo fornecedores privilegiados de
bicicletas que serviram gerações. Mas com tristeza, Fernando recorda a
decadência dessa empresa: "Foram questões familiares. Não tiveram
sucessores à altura."
A
Órbita foi outra marca nacional à qual a Altis esteve ligada na representação e
comercialização de bicicletas. Em Dezembro passado esta parceria chegou ao fim,
dando lugar a uma parceria lusoibérica com a marca Weed - com fábrica de
montagem em Portugal - e que vai permitir alimentar um sonho antigo: relançar
as bicicletas de estrada de marca "Altis". Mas já lá vamos.
O admirável mundo das novas
bicicletas
Em
60 anos as bicicletas mudaram muito. Fernando Oliveira recorda-se de ver os
japoneses da Shimano "nas feiras de Milão e de Paris, a fotografar tudo
quanto era bicicleta e acessório. Eles fotografavam tudo!"
E
terá sido esse espírito de imitação aperfeiçoada que fez com que a Shimano se
tornasse "a maternidade que alimenta as marcas de bicicleta do
mundo!" Aliás, "no dia em que a Shimano quiser fechar fábricas de
bicicleta, basta deixar de as fornecer".
Já
os chineses convidaram "parceiros a irem ensinar-lhes a técnica". A
lição foi bem estudada e hoje "China e Taiwan são os alimentadores das
fábricas do mundo." "Os quadros vêm de lá" a preços mais
acessíveis.
Nesta
matéria a engenharia dos materiais permitiu uma revolução onde a fibra de
carbono é rainha. "É revolucionário e será cada vez mais. O carbono vai
ultrapassar o alumínio". Este material "tem cada vez mais um preço
competitivo", é 30 a 40% mais caro, mas até 50% mais leve.
Nesta
geografia da indústria de assemblagem de bicicletas, o segredo está em "ir
à melhor fonte e beber da melhor água". Basicamente é preciso escolher os
componentes tecnologicamente mais avançados e depois "as bicicletas são
montadas cá e damos trabalho aos portugueses que fazem a montagem."
O advento das motorizadas
Nos
anos sessenta, as motas começaram a ganhar popularidade. O Antigo Regime olhava
para elas como "bicho mau", mas sentia-se uma "viragem" nos
clientes retalhistas que começavam a vender motas ao lado das bicicletas.
A
Altis não quis ficar de foras deste novo negócio. Foi comissionista da
portuguesa Vilar, que além de bicicletas também produzia componentes para
motorizadas, como "o aro que suporta o pneu, e os raios que integravam a
roda e o cubo." A Altis "agenciava as peças da marca que eram
facilmente absorvidas pelas unidades de montagem" de marcas como a SACH,
Famel, ou a Casal.
Fernando
Oliveira nunca chegou a comercializar motorizadas ao cliente final. Ainda hoje
este segmento do negócio vale 20% da faturação. Vende óleo para motor,
pastilhas de travão e equipamentos para o motociclista como o vestuário de
proteção e os capacetes.
As pulseiras que vigiam o coração
Hoje
é comum ver muitos corredores e ciclistas munidos de smartphones, e auriculares
nos ouvidos. Estes dispositivos fazem muito mais do que tocar música e fazer
chamadas. Monitorizam os quilómetros percorridos, calculam velocidades médias,
as calorias gastas, ao mesmo tempo que registam trajetos facilmente
partilháveis nas redes sociais.
Em
meados da década de 1990, estes gadgets não passariam de uma efabulação da
ficção científica. Mas foi nesta altura que a finlandesa "Polar"
inventou os primeiros monitores de frequência cardíaca. Estes aparelhos
chegaram a Portugal pelas mãos de um professor universitário de educação física
de Lisboa, "que importava e vendia estes aparelhos aos alunos".
Fernando
estava interessado em vendê-los também e por intermédio do docente começou a
importar algumas dezenas de medidores que "se esfumavam rapidamente da loja".
Mais tarde, foi a própria Polar que quis saber o que se estava a passar no
mercado nacional e assim chegou à Altis que acabaria por se tornar a
importadora oficial da marca.
Pedalar para o futuro
O
futuro, por estranho que pareça, vai partir do passado. A grande novidade deste
ano é o regresso das bicicletas Altis de corrida, apresentadas na Feira
Internacional de Duas Rodas, em Santarém. Fernando promete "alta qualidade
da construção, dos acabamentos e a genuinidade que sempre foram atributos destas
bicicletas". "O regressar da "estrada" com a marca Altis é
uma paixão que vai perdurar!"
A
assemblagem das bicicletas vai acontecer em Oiã, perto de Oliveira do Bairro,
com mão de obra especializada que sempre esteve ligada a este sector e na
sequência da parceria com a Weed. Mas a pedalada deste negócio tem outra rota
no GPS: a exportação está a dar os primeiros passos para o mercado Espanhol e
Angolano. Para lá a Altis quer distribuir os produtos das marcas que representa
em exclusivo, assim como as bicicletas WEED nas vertentes de BTT, urbanas, BMX
e de criança.
Uma moda que veio para ficar
São
cada vez mais os adeptos dos dois pedais como meio de transporte para uma vida
mais saudável. E parte da moda também tem sido facilitada pelas autarquias que
"começaram a preocupar-se em criar condições de circulação".
Apesar
disso, ainda muito falta fazer e parte do que já foi feito, precisa de ser
corrigido. Fernando dá até o exemplo da via ciclável que tem em frente à loja,
na Avenida da Boavista. "Nesta obra não foram criadas condições para
cargas e descargas. Se a EDP precisar de descarregar, têm de ocupar a pista,
caso contrário ocupam a faixa de rodagem".
A
tecnologia aplicada aos diferentes usos a dar a uma bicicleta permite
personalizar a oferta "Quanto mais evolui a produção, mais possibilidades
há de comprar um bom modelo a um preço mais baixo". Assegure-se que o
quadro "tem a homologação de fabrico" e depois tem de ter em conta a
sua estrutura corporal, para escolher uma "bicicleta adequada à sua
altura". ”
Complementarmente:
Avenida
da Boavista, 728
4100-111
Porto
Telef. 226 078 210
Fax
226 099 933
E-Mail
altis@altis.pt
Internet
www.altis.pt
Coordenadas
GPS
Lat:
N 41º 09' 30,75"
Lon:
W 8º 37' 55,87"
Texto - Hugo Manuel Correia (www.jn.pt)